2024: missão comprida cumprida

Teve enchente, recuperação de cirurgia, quilos a mais por conta de ritmo de trabalho fora do esperado e climatério se apresentando, mas também teve trabalho novo, muito aprendizado, novas (e velhas) pessoas da mais alta qualidade, correção de rumo e reorganização.

Os sorrisos durante a happy hour de encerramento não são pra inglês ver, a gente estava se divertindo a valer, sabendo que o ano que vem pela frente vai ser osso, mas todos na vibe “ninguém solta a mão de ninguém”.

É a velha história, há que se ter cuidado com o que se deseja. Em 5 de abril passado, publiquei um texto dizendo: “Ando querendo voltar a fazer parte de uma equipe, dentro de uma empresa (mesmo que remotamente), com horários, reuniões e compromissos. Com a filhota pré-adolescendo e precisando cada vez menos de mim, estou prontíssima para abrir mão da flexibilidade absoluta que foi meu grande privilégio nesse formato de trabalho que adotei depois do nascimento dela”. Menos de um mês depois, comecei a jornada na equipe de produto, inovação e expansão da +A Educação.

Ninguém tinha dito que seria fácil, mas preciso admitir que subestimei o tamanho da bronca (especialmente porque ninguém previu a enchente que assolou minha cidade e meu estado). Por seis meses, trabalhei mais do que gostaria (e do que deveria), mas, no final daquele túnel, achei uma luz. E é ela que estou levando para a retomada das atividades dentro de alguns dias, com processos estabelecidos, função e objetivos mais claros e a compreensão de que meus 12 anos “fora do mercado” não foram exatamente um hiato, mas uma ponte. O caminho foi sinuoso, meio pedregoso, mas, felizmente, eu estava muito bem acompanhada – e isso fez toda a diferença.

Foi uma trajetória de (re)descobertas e novas perspectivas. Aquela que um dia foi a caçula de uma supersênior editoria de Política do jornal Zero Hora (eu tinha 23 anos, enquanto meu colega mais jovem, 32) passou a ser a mais velha da equipe. Para se ter uma ideia, da foto de gente fera que ilustra este texto (o time cuja camiseta tenho a alegria de estar vestindo), eu fui a única a ver o Ayrton Senna correndo quando já pagava meus próprios boletos. Dois eram bebês e outro nem sequer tinha nascido. Etarismo, ali? Só se formos contar as gargalhadas provocadas pelas minhas gírias e expressões datadas (que eu adoro usar só pra chocar os xófens).

Se até hoje sou grata à Rosane de Oliveira por, em 1997, resolver apostar naquela guria recém-saída do curso de Jornalismo Aplicado, foca até não poder mais, desde abril de 2024, agradeço também ao Igor Sales e ao Stephan Younes, que depositaram fichas numa profissional que estava fora do mercado corporativo havia mais de uma década e estava meio enferrujada no jogo.

Life Long Learning

Embora usasse IA havia anos com meus clientes de tradução, foi na busca pelos melhores nomes para serem professores referência de disciplinas de cursos de pós-graduação com alto nível de excelência que me aprofundei no uso de ferramentas como o ChatGPT. Descobri que, usadas como bússola (e não mapa), elas são valiosas demais. E as descobertas têm sido contínuas e frequentes. Na semana passada, por exemplo, num post do Paulo Roberto Silva, vi um levantamento do perfil do LinkedIn feito por IA. Experimentei fazer o meu. Ainda que excessivamente autolisonjeiro, fez uma boa retrospectiva do ano (comprido) que passou e das etapas (cumpridas) no período.

Segundo o resumo feito do meu perfil do LinkedIn pelo coauthor.studio, meu superpoder é “traduzir complexidades em conexões humanas”. Talvez ainda não seja, mas juro que estou trabalhando pra isso.

O texto da IA diz, literalmente, que “2024 provou que às vezes os maiores saltos na carreira acontecem quando você se mantém fiel a quem você é”. Aí ele foi meio oráculo, porque eu não disse em texto algum (apenas concluí isso na terapia que retomei) a maior verdade que descobri: enquanto eu estava tentando criar uma persona diferente daquela que eu achei que havia deixado para trás, os tropeços eram mais frequentes do que os sucessos. Quando decidi ser quem de fato sou, com os defeitos e qualidades que vêm no pacote, ficou tudo mais leve.

Em resumo, eu:

  • Entrei para a +A Educação como Especialista em Relacionamento, mantendo parcerias freelance importantes na área de tradução, edição e redação
  • Dei o suporte que me foi possível à comunidade gaúcha durante as enchentes devastadoras de maio
  • Publiquei textos em trabalhos colaborativos sobre parentalidade e educação
  • Fiz um vestido de crochê inspirado em Taylor Swift para a primeira apresentação de canto da minha filha

Três posts meus se destacaram no LinkedIn, que, por força da nova atividade, passei a frequentar bem mais:

  1. “Eu costumava brincar que olhava o LinkedIn porque tinha certeza de que um dia apareceria uma vaga que tivesse sido feita para mim. E não é que apareceu?” Sobre encontrar o ajuste perfeito no mercado de trabalho.
  2. “Quando a minha Swiftie preferida perguntou se eu faria um igual para a primeira vez que ela subiria a um palco para uma apresentação solo (cantando uma canção adivinha de quem), me senti com sorte. A adolescência chegou, mas ela ainda curte usar peças feitas pela mãe.” Sobre conectar gerações por meio de artesanato e cuidado.
  3. “Minha cachorrinha idosa morreu nesta manhã. E eu tive a sorte de estar cercada de colegas e gestores que, se não compartilham do mesmo sentimento, entendem que a perda de um bichinho desses nos abala.” Sobre descobrir o que significa a verdadeira cultura do local de trabalho.

Como se não bastassem esses exemplos, ainda tive o privilégio de ter contato com cerca de uma centena de cabeças brilhantes em diferentes áreas de conhecimento, renovando contratos ou contratando gente que eu já admirava antes mesmo de contatar. Olhando para o futuro: em 2025, o plano é aprofundar o impacto com minhas capacidades de tradução e comunicação, ampliando e fortalecendo as redes de relacionamento que sempre me foram e seguirão sendo tão caras. E conseguir escolher entre as tantas opções incríveis dos programas de pós digital em que trabalho apenas uma em que me matricular.

Que venha 2025!